No que diz respeito à qualidade e segurança de módulos fotovoltaicos utilizados em aplicações terrestres, existem várias instituições de normatização e certificação ao redor do mundo que publicam suas normas para atender aos seus mercados específicos, como a IEC, UL, VDE, dentre outros. Pelo fato do Brasil ser um país membro da IEC, é natural que as normas da IEC sejam utilizadas como referência para a elaboração das normas brasileiras. Inclusive, algumas das normas brasileiras são simplesmente traduções de uma norma IEC, como é o caso da ABNT NBR IEC 62116:2012.
Não existe hoje no Brasil normas técnicas que abordem o tema de qualificação de segurança de módulos fotovoltaicos. Já na IEC, podemos citar as seguintes normas:
- IEC 61730-1:2016 - Estabelece e descreve os requisitos de construção de módulos fotovoltaicos, a fim de fornecer operação elétrica e mecânica segura;
- IEC 61730-2:2016 - Fornece a sequência de teste para verificar a segurança dos módulos fotovoltaicos cuja construção foi avaliada pela IEC 61730-1;
- IEC 61215-1:2021 - Estabelece requisitos de teste para a qualificação de projeto de módulos FV adequados para operação de longo prazo em climas ao ar livre;
- IEC 61215-2:2021 - Estabelece procedimentos de teste para a qualificação de projeto de módulos FV adequados para operação de longo prazo em climas ao ar livre;
- IEC 61215-1-2:2021 - Estabelece requisitos especiais para teste de módulos fotovoltaicos de filme fino baseados em telureto de cádmio (CdTe);
- IEC 61215-1-3:2021 - Estabelece requisitos especiais para teste de módulos fotovoltaicos de filme fino baseados em silício amorfo;
- IEC 61215-1-4:2021 - Estabelece requisitos especiais para teste de módulos fotovoltaicos de filme fino baseados em seleneto de cobre, índio e gálio.
De modo geral, a IEC 61730 trata dos requisitos de construção e a sequência de testes que devem ser atendidos para qualificação de segurança dos módulos fotovoltaicos. Enquanto a IEC 61215 trata dos requisitos e procedimentos de testes que devem ser feitos para qualificação e aprovação do projeto do módulo fotovoltaico. Um dos objetivos deste artigo é apresentar ao leitor os testes estabelecidos pela IEC para verificar a segurança e para qualificar o projeto do módulo fotovoltaico, então vamos focar em duas normas: a IEC 61730-2:2016 [1] e a IEC 61215-2:2021 [2].
O leitor a esta altura pode estar se perguntando: e o INMETRO? A Portaria nº 004, de 04 de janeiro de 2011 [3] do INMETRO estabelece os requisitos mínimos de desempenho e segurança dos sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica. Essa portaria requer que um módulo seja aceito em 4 testes dos 21 que estão presentes na IEC 61215-2.
Neste artigo veremos quais são os procedimentos e requisitos de testes que os módulos fotovoltaicos devem atender para assegurar os padrões mínimos de segurança e qualidade necessários segundo as normas IEC 61215-2 e IEC 61730-2. Verificaremos também quais são os 4 testes requeridos pelo INMETRO e discutiremos se eles são suficientes para que sejam garantidos o desempenho e vida útil dos módulos fotovoltaicos.
Quais são os testes requeridos pela norma IEC 61215-2?
A norma IEC 61215-2 apresenta uma sequência de testes destinados a determinar as características elétricas e térmicas do módulo e mostrar que o módulo é capaz de suportar a exposição prolongada em climas gerais ao ar livre. São 21 testes, conhecidos como testes de qualificação do módulo (do inglês: Module Qualification Tests - MQT).
1. Inspeção visual (MQT 01)
É um teste para detectar visualmente qualquer defeito no módulo. Cada módulo é inspecionado cuidadosamente sob uma iluminação de pelo menos 1.000 lux. Defeitos como rachaduras, bolhas ou delaminações são verificados.
2. Determinação da potência máxima (MQT 02)
É um teste para determinar a potência máxima do módulo após a sua estabilização. Esse teste é feito mais de uma vez, antes e depois dos vários testes de estresse ambiental. Isso é feito para verificar também a perda de potência do módulo com os testes de estresse.
Figura 01 – Máquina de teste de curva I-V e eletroluminescência usada em vários testes de qualificação. Cortesia: Globo Brasil.
3. Teste de resistência de isolamento (MQT 03)
É um teste para determinar se o módulo está ou não suficientemente bem isolado entre as partes energizadas e a estrutura ou outras partes acessíveis ao usuário.
Figura 02 – Teste de resistência de isolamento. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
4. Medição dos coeficientes de temperatura (MQT 04)
É um teste para determinar os coeficientes de temperatura relacionados à corrente de curto-circuito, tensão de circuito aberto e potência máxima, a partir de medições do módulo.
Os coeficientes de temperatura, além de serem parâmetros de desempenho, são utilizados como parâmetros de projeto. Por exemplo, para fazer correção da tensão e corrente em função da temperatura local e evitar a queima de equipamentos por sobretensão ou sobrecorrente.
5. Desempenho em STC (MQT 06)
É um teste para determinar como o desempenho elétrico do módulo varia com a carga em condições de teste padrão (do inglês: Standard Test Conditions – STC) e na NMOT. A medição na STC é usada para validar as informações da placa de identificação do módulo.
6. Desempenho em baixa irradiância (MQT 07)
É um teste para determinar como o desempenho elétrico do módulo varia com a carga a 25 °C e uma irradiância de 200 W/m². Esse teste verifica se o módulo FV apresenta características elétricas de um módulo totalmente funcional mesmo em condições de baixa luminosidade.
7. Teste de exposição ao ar livre (MQT 08)
É um teste para fazer uma avaliação preliminar da capacidade do módulo de resistir à exposição a condições externas e revelar quaisquer efeitos de degradação que podem não ser detectados pelos testes em laboratório. Alguns testes podem ser feitos em conjunto, como o MQT 05 e testes como o MQT 01 e MQT 15 devem ser repetidos durante esse procedimento. Os requisitos dos testes MQT 01, 05 e 15 devem continuar sendo atendidos.
8. Teste de resistência a pontos quentes (MQT 09)
É um teste para determinar a capacidade do módulo de resistir aos efeitos de aquecimento provocados por pontos quentes (hot-spots), por exemplo, fusão da solda ou deterioração do encapsulamento.
Figura 03 – Simulador solar para testes de regime permanente, usado em vários testes de qualificação que requerem simulador. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
Existem dois procedimentos diferentes de teste, dependendo da tecnologia da célula FV e do processo de fabricação. O MQT 09.1 é normalmente aplicado a módulos de silício cristalino, enquanto o MQT 09.2 é aplicado em módulos de filme fino.
9. Teste de pré-condicionamento aos raios UV (MQT 10)
É um teste que submete o módulo FV à radiação ultravioleta (UV) antes dos testes de ciclagem térmica e congelamento/umidade para identificar se aqueles materiais e ligações adesivas estão sujeitos à degradação por raios UV.
10. Teste de ciclagem térmica (MQT 11)
É um teste para determinar a capacidade do módulo de suportar incompatibilidade térmica, fadiga e outras tensões causadas por repetidas mudanças de temperatura.
11. Teste de congelamento e umidade (MQT 12)
É um teste para determinar a capacidade do módulo de suportar os efeitos da alta temperatura e umidade, seguidos de temperaturas abaixo de zero. Vale ressaltar que este não é um teste de choque térmico.
12. Teste de calor úmido (MQT 13)
É um teste para determinar a capacidade do módulo de suportar os efeitos da penetração de umidade a longo prazo. O teste deve ser realizado nas seguintes condições: temperatura de teste de 85 °C, umidade relativa de 85% e duração do teste de 1.000 horas. Após um tempo de recuperação entre 2 e 4 horas a 23 °C e uma umidade relativa inferior a 75% em condições de circuito aberto, os testes MQT 01 e MQT 15 devem ser repetidos.
Figura 04 – Câmara para testes de calor úmido. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
13. Teste de robustez das terminações (MQT 14)
É um teste para determinar se as terminações, a fixação das terminações e a fixação dos cabos ao corpo do módulo resistirão às tensões que provavelmente serão aplicadas durante as operações normais de montagem ou manuseio. O teste é dividido em duas partes: MQT 14.1 e MQT 14.2, os quais devem ser realizados após o MQT 12.
Figura 05 – Máquina para testes de robustez das terminações. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
14. Teste de corrente de fuga em condições úmidas (MQT 15)
É um teste para avaliar o isolamento do módulo em condições de operação úmida e verificar se a umidade da chuva, névoa, orvalho ou neve derretida não entra nas partes ativas do circuito do módulo, onde pode causar corrosão, falha de aterramento ou risco à segurança.
15. Teste de carga mecânica estática (MQT 16)
É um teste para determinar a capacidade do módulo de suportar uma carga estática mínima. A carga de teste mínima é de 2.400 Pa, mas o fabricante pode especificar cargas mais altas desde que especificado na documentação do fabricante para cada método de montagem.
Figura 06 – Mesa para teste de carga mecânica. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
16. Teste de granizo (MQT 17)
É um teste para verificar se o módulo é capaz de suportar o impacto de granizo. O requisito é que o granizo tenha, no mínimo, um diâmetro de 25 mm, 7,53 gramas e seja lançada a uma velocidade de 23 m/s. Podem ser feitos testes com bolas de gelo maiores, como por exemplo, uma bola com 75 mm de diâmetro e 203 gramas lançada a 39,5 m/s. O relatório do teste deve indicar o diâmetro da bola de gelo e a velocidade usada para o teste de granizo.
Figura 07 – Máquina para teste de granizo. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
Serão 11 tiros no total enquanto o módulo não for danificado durante o teste. Cada tiro possui um local específico do módulo a ser atingido. Os testes MQT 01 e MQT 15 devem ser repetidos.
17. Teste do diodo de bypass (MQT 18)
Esse teste é dividido em duas partes: o MQT 18.1 que é o teste térmico de diodo de bypass e o MQT 18.2 que é o teste de funcionalidade do diodo de bypass.
O objetivo do MQT 18.1 é avaliar a adequação do projeto térmico e a confiabilidade a longo prazo dos diodos de bypass usados para limitar os efeitos prejudiciais dos pontos quentes no módulo FV. O teste é projetado para determinar a característica de temperatura do diodo e sua temperatura máxima de junção sob operação contínua.
Já o objetivo do MQT 18.2 é verificar se o diodo de bypass das amostras de teste permanecem funcionais após o MQT 09 e o MQT 18.1.
18. Teste de estabilização (MQT 19)
Todos os módulos fotovoltaicos precisam ser estabilizados eletricamente. Para tanto, todos os módulos devem ser expostos à luz seguindo um procedimento padrão para, em seguida, sua potência de saída ser medida. Existe mais de um procedimento de estabilização, a estabilização inicial MQT 19.1, a estabilização final MQT 19.2 e a estabilização específica de estresse MQT 19.3.
19. Teste de carga mecânica cíclica (dinâmica) (MQT 20)
Este teste é conduzido o procedimento fornecido na IEC TS 62782 com as condições recomendadas de 1000 ciclos com uma carga de 1000 Pa. Este teste foi adicionado para identificar módulos que estão mais suscetíveis à quebra, especialmente os de células de silício cristalino.
20. Teste de degradação induzida por potencial (MQT 21)
Este teste é conduzido usando os procedimentos fornecidos na IEC TS 62804-1. Este teste foi adicionado para identificar e eliminar do mercado módulos mais suscetíveis ao efeito PID.
21. Teste de curvatura (MQT 22)
É um teste para assegurar que um módulo do tipo flexível possa ser curvado sem sofrer danos permanentes.
Quais são os testes requeridos pela norma IEC 61730-2?
A norma IEC 61730-2 apresenta uma lista de testes básicos destinados a verificar a segurança de módulos fotovoltaicos. Quando submetidos a estes testes, o módulo FV deverá cumprir todos os requisitos estabelecidos na IEC 61215-2 para ser considerado qualificado no que diz respeito à segurança. São 56 testes, conhecidos como testes de segurança do módulo (do inglês: Module Safety Tests - MST). Alguns destes 56 MST são idênticos ou baseados nos MQT da IEC 61215-2, como veremos a seguir:
1. Inspeção visual (MST 01)
Este teste é idêntico ao MQT 01 da IEC 61215-2, mas com critérios de inspeção adicionais para verificar se existem condições que possam afetar a segurança, como por exemplo, se há arestas vivas no módulo, desalinhamento da moldura, superfícies externas quebradas, rachadas, dentre outros.
2. Desempenho no STC (MST 02)
Este teste é equivalente ao MQT 06.1 da IEC 61215-2. O MST 02 verifica a corrente nominal de curto-circuito (Isc) e a tensão de circuito aberto (Voc) do módulo. O requisito a ser atendido é que a Isc e Voc medidas devem estar dentro das tolerâncias fornecidas pelo fabricante.
3. Determinação da potência máxima (MST 03)
Este teste é equivalente ao MQT 02 da IEC 61215-2. O MST 03 verifica se o módulo FV apresenta características elétricas de um módulo totalmente funcional. Esse teste também visa detectar degradações nos módulos fotovoltaicos. Degradações de células ou arranjos podem levar a pontos quentes (hot-spots), altas temperaturas do módulo ou diodos de bypass conduzindo de forma contínua, os quais são causas de riscos de incêndio e falhas de segurança.
4. Teste de espessura de isolamento (MST 04)
Este teste verifica a conformidade da espessura mínima para camadas finas de isolamento, dependendo da classe do módulo PV. Este teste não é aplicável a camadas de vidro.
5. Durabilidade das marcações (MST 05)
Qualquer marcação exigida por norma deve ser durável e legível. Ao considerar a durabilidade da marcação, o efeito do uso normal deve ser levado em consideração. A conformidade é verificada por inspeção e esfregando a marcação à mão por 15 segundos com um pedaço de pano embebido em água e novamente por 15 segundos com um pedaço de pano embebido em álcool de petróleo. Após este teste, a marcação deve ser legível; não deve ser possível remover as placas de marcação facilmente e elas não devem apresentar ondulações.
6. Teste de borda afiada (MST 06)
As superfícies acessíveis do módulo fotovoltaico devem ser lisas e livres de arestas vivas, rebarbas, dentre outros, que podem danificar a isolação dos condutores ou representar risco de ferimentos. A conformidade é verificada por inspeção.
7. Teste de funcionalidade do diodo de bypass (MST 07)
O procedimento de teste e os critérios de aprovação são equivalentes ao MQT 18.2 da IEC 61215-2.
8. Teste de acessibilidade (MST 11)
É um teste para determinar se os módulos fotovoltaicos são construídos para fornecer proteção adequada contra acessibilidade a partes vivas (energizadas) perigosas.
9. Teste de suscetibilidade a corte (MST 12)
É um teste para determinar se as superfícies frontal e traseira do módulo PV feitas de materiais poliméricos são capazes de suportar o manuseio de rotina durante a instalação e manutenção sem expor as pessoas ao perigo de choque elétrico. Este teste não é aplicável a módulos vidro/vidro.
10. Teste de continuidade de ligação equipotencial (MST 13)
O objetivo deste teste é verificar a continuidade as partes condutoras acessíveis que estão em contato direto umas com as outras, por exemplo, partes de uma moldura metálica.
11. Teste de tensão de impulso (MST 14)
O objetivo deste teste é verificar a capacidade do isolamento do módulo fotovoltaico em suportar sobretensões de origem atmosférica. Esse teste também cobre sobretensões devido à comutação de equipamentos de baixa tensão.
12. Teste de isolamento (MST 16)
Este teste é idêntico ao MQT 03 da IEC 61215-2 com níveis de teste dependendo da classe e da tensão máxima do sistema. O objetivo deste teste é determinar se o módulo FV está suficientemente bem isolado entre as partes portadoras de corrente e a estrutura ou outros componentes externos acessíveis.
13. Teste de corrente de fuga em condições úmidas (MST 17)
Esse teste é equivalente ao MQT 15 da IEC 61215-2. A diferença aqui é que quando os módulos fotovoltaicos possuírem juntas cimentadas eles devem ser testados com uma tensão de teste 35% maior, conforme exigido pela IEC 61730-1. Todas as juntas não cimentadas devem ser testadas com a tensão de teste normal.
14. Teste de temperatura (MST 21)
Este teste de temperatura é projetado para determinar as temperaturas máximas de referência para vários componentes e materiais usados para construir o módulo FV, a fim de verificar a adequação de seu uso. O teste pode ser realizado sob luz natural ou por meio de simulador.
Figura 08 – Sala de simulação solar em regime permanente por meio de luz natural para teste de módulos FV. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
15. Teste de resistência a pontos quentes (MST 22)
Este teste é equivalente ao MQT 09 da IEC 61215-2, o qual verifica se o módulo apresenta riscos de incêndio e falhas de segurança.
O ponto quente é um defeito que pode ser provocado por células defeituosas, células incompatíveis, sombras ou sujeira. Embora a temperatura absoluta e a perda relativa de energia não sejam critérios deste teste, as condições de ponto quente mais severas são utilizadas para garantir a segurança do projeto.
16. Teste de resistência ao fogo (MST 23)
Os módulos fotovoltaicos podem ser expostos a condições externas de incêndio e, portanto, devem ser testados quanto às suas características de resistência ao fogo quando expostos a uma fonte de fogo proveniente de fora do módulo fotovoltaico, que pode incluir o edifício no qual estão instalados ou no qual estão integrados, ou de um edifício adjacente.
A IEC 61730-2 deixa a cargo de cada país a definição dos requisitos de teste de incêndio.
17. Teste de inflamabilidade (MST 24)
Este teste determina a inflamabilidade de módulos fotovoltaicos através de contato direto de pequenas chamas produzidas por fontes externas de calor. Esse teste não substitui o teste de resistência ao fogo.
18. Teste térmico de diodo de bypass (MST 25)
Este teste é equivalente a MQT 18 da IEC 61215-2. Ambos, MQT 18.1 e MQT 18.2 devem ser executados.
19. Teste de sobrecorrente reversa (MST 26)
Os módulos FV possuem materiais condutores, os quais estão contidos em um sistema de isolamento. Sob condições de falha de corrente reversa, os condutores elétricos e as células do módulo FV são forçados a dissipar energia em forma de calor antes da interrupção do circuito por um dispositivo de proteção de sobrecorrente instalado no sistema. Este teste tem como objetivo determinar a aceitabilidade do risco de ignição ou incêndio no módulo sob esta condição.
20. Teste de quebra de módulo (MST 32)
O objetivo deste teste é verificar se os riscos de lesões físicas podem ser minimizados se o módulo FV sofrer uma quebra no seu local de instalação. Em aplicações de módulos integrados à construção ou aéreas, podem ser necessários testes adicionais.
21. Teste de conexões de parafuso (MST 33)
Nesse teste os parafusos do módulo (se houver) são apertados e afrouxados. As roscas devem manter sua integridade e não deve ocorrer afrouxamento posterior ou perda da função do parafuso.
22. Teste de carga mecânica estática (MST 34)
Este teste é equivalente ao MQT 16 da IEC 61215-2, sendo que aqui o MST 13 (teste de continuidade de ligação equipotencial) deve atender aos mesmos requisitos e o MQT 15 pode ser omitido.
Figura 09 – Máquina para teste de carga mecânica. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
23. Peel Test (MST 35)
O objetivo deste teste é qualificar o isolamento como uma junta cimentada. Deve fornecer confiança em relação à durabilidade da adesão entre as diferentes camadas (rígida-flexível ou flexível-flexível) de construção do módulo fotovoltaico.
24. Teste de resistência ao cisalhamento (MST 36)
O objetivo deste teste é qualificar o isolamento como uma junta cimentada. Deve fornecer confiança em relação à durabilidade da adesão entre conjuntos de ligação rígida-rígida, por exemplo módulos vidro-vidro.
25. Teste de fluência de materiais (MST 37)
O objetivo do teste de fluência do material é validar se os materiais usados no módulo FV não apresentarão fluência ou perderão adesão quando operados nas temperaturas mais altas que os módulos FV normalmente experimentam no campo.
26. Teste de robustez das terminações (MST 42)
Este teste é equivalente ao MQT 14.1 e MQT 14.2 da IEC 61215-2. O MST 42 deve ser realizado posteriormente ao MQT 14. A diferença aqui é que o MQT 14.2 também deve ser executado mesmo para caixas de junção em conformidade com a IEC 62790 [4] e o MQT 15 pode ser omitido.
Figura 10 – Máquina para testes de caixas de junção. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
27. Teste de ciclagem térmica (MST 51)
Este teste é equivalente ao MQT 11 da IEC 61215-2. As variações desse teste para tecnologias específicas podem ser encontradas na IEC 61215, partes 1 a 4. O MQT 15 pode ser omitido após esse teste.
28. Teste de congelamento e umidade (MST 52)
Este teste é equivalente ao MQT 12 da IEC 61215-2. O MQT 15 pode ser omitido após esse teste.
29. Teste de calor úmido (MST 53)
Este teste é equivalente ao MQT 13 da IEC 61215-2. Neste padrão, duas versões do teste são aplicadas. Um com a duração padrão conforme descrito na IEC 61215-2 (1.000 h) e outro com uma duração reduzida de 200 h.
Figura 11 – Câmara para testes de calor úmido. Cortesia: DAH/TUV Test Lab.
30. Teste de ultravioleta (MST 54)
Este teste é equivalente ao MQT 10 da IEC 61215-2. A diferença é que no MST 54 são aplicadas duas doses diferentes de raios UV. A primeira dose de UV padrão, conforme descrito na IEC 61215-2, ou seja, 15 kWh/m². A segunda dose é quatro vezes maior que a primeira (60 kWh/m²), sendo aplicada duas vezes, uma na parte frontal da amostra e uma na parte traseira. Assim, as partes frontal e traseira do módulo serão expostas à mesma dose de UV.
31. Condicionamento ao frio (MST 55)
O objetivo deste teste é avaliar a aplicabilidade de um módulo FV em condição ambiental fria de grau 1, ou seja, sem poluição ou ocorre apenas poluição seca e não condutiva.
32. Condicionamento ao calor seco (MST 56)
O objetivo deste teste é avaliar a aplicabilidade de um módulo FV em condição ambiental quente de grau 1, ou seja, sem poluição ou ocorre apenas poluição seca e não condutiva.
Quais são os testes das normas IEC requeridos pelo INMETRO?
Segundo a Portaria nº 004, de 04 de janeiro de 2011, o INMETRO requer os seguintes testes, como segue:
1. Inspeção Visual;
2. Desempenho nas Condições Padrão de Teste;
3. Isolamento Elétrico;
4. Resistência de Isolamento em condições de umidade.
Desta forma, é muito fácil concluir que os testes requeridos pelo INMETRO não são suficientes, pois são ignorados vários testes importantes que poderiam verificar a qualidade do projeto do módulo fotovoltaico e, principalmente, testes que verificam a segurança do módulo fotovoltaico.
Conclusão
No território brasileiro ocorre uma
grande diversidade climática, desta forma, não se justifica a ausência de testes ambientais como o teste de calor úmido, o qual pode ser usado para determinar a vida útil do módulo fotovoltaico e validar as garantias do fabricante. Este é apenas um exemplo e poderíamos citar vários outros para mostrar que os testes requeridos pelo INMETRO não são suficientes.
Infelizmente existem marcas de módulos fotovoltaicos no mercado brasileiro que não possuem o certificado de conformidade às normas IEC 61215 e IEC 61730, colocando em risco o seu investimento e a sua segurança. Por não passarem por processos de certificação, que avaliam qualidade e segurança, módulos de baixa qualidade chegam ao mercado brasileiro. Lamentavelmente estes módulos podem ser comercializados legalmente por atenderem aos requisitos mínimos do INMETRO.
A Portaria nº 004 do INMETRO está há alguns anos em revisão e quem sabe esse problema seja corrigido este ano. Enquanto isso, todos os módulos fotovoltaicos fabricados, importados e comercializados no Brasil devem, obrigatoriamente, possuir o selo do INMETRO. Contudo, como um consumidor ou projetista consciente, exija que os seus módulos fotovoltaicos possuam o certificado de conformidade às normas IEC 61215 e IEC 61730.
É possível conferir se o módulo fotovoltaico possui o certificado de conformidade às normas IEC 61215 e IEC 61730, pois esta informação encontra-se presente na folha de dados técnicos. Além disso, você pode solicitar essas informações também para o distribuidor e/ou fabricante. A Ecori Energia Solar importa e comercializa somente módulos fotovoltaicos certificados em conformidade às normas IEC 61215 e IEC 61730.
Referências
[1] International Electrotechnical Commission, IEC 61730-2:2016 - Photovoltaic (PV) module safety qualification - Part 2: Requirements for testing.
[2] International Electrotechnical Commission, IEC 61215-2:2021 - Terrestrial photovoltaic (PV) modules - Design qualification and type approval - Part 2: Test procedures.
[3] Portaria INMETRO/MDIC nº 004, de 04 de janeiro de 2011 - Requisitos de avaliação da conformidade para sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica (módulo, controlador de carga, inversor e bateria).
[4] International Electrotechnical Commission, IEC 62790:2020 - Junction boxes for photovoltaic modules - Safety requirements and tests.