Durante a última década, a
eletrônica de potência de nível do módulo fotovoltaico (MPLE) atraiu a atenção
crescente de projetistas e instaladores de sistemas fotovoltaicos [3]. A razão disso
é que eles podem fornecer uma série de benefícios importantes, incluindo o
aumento do rendimento de energia devido à tolerância ao sombreamento e
eliminação do mismatch (também
conhecido como incompatibilidade ou descasamento) de módulos fotovoltaicos, bem
como maior confiabilidade e flexibilidade de projeto da instalação fotovoltaica
[4] - [6]. Os otimizadores de potência normalmente apresentam eficiências de
mais de 98% e alta confiabilidade devido ao pequeno número de componentes e à
relativa simplicidade do circuito de alimentação [7].
Histórico
A ideia [dos otimizadores de
potência] foi originalmente proposta na Conferência Anual de 2004 da IEEE Industrial Electronics Society e
posteriormente publicada no IEEE
Transactions on Industrial Electronics. No entanto, a eficiência relatada
não foi alta o suficiente para ser usada na prática [8].
Em 2006, a SolarEdge
inventou uma solução de inversor inteligente com otimizador CC que mudou a
forma como a energia é coletada e gerenciada em sistemas fotovoltaicos [9].
Nesse contexto, é impossível falar de otimizadores de potência sem tomar como
referência quem inventou a tecnologia.
Figura 1 –
Otimizadores de potência da SolarEdge.
O que a SolarEdge fez foi
combinar as melhores características dos sistemas tradicionais de string com as melhores características
dos sistemas com microinversores. A funcionalidade do inversor tradicional de string foi dividida em dois produtos: o
otimizador de potência e o inversor simplificado. O vídeo a seguir mostra como
isso é feito na prática.
A Figura 2 a seguir mostra
como é feita a ligação elétrica dos modelos de otimizadores para dois módulos.
Figura 2 –
Topologia de um sistema fotovoltaico com otimizadores para 2 módulos.
Temos dois módulos ligados
em série conectados à entrada de cada otimizador. Em seguida, a saída de cada
otimizador é ligada em série com o otimizador seguinte até finalizar um
segmento de otimizadores. A quantidade de segmentos possíveis depende do modelo
de inversor utilizado e o tamanho do segmento depende do modelo dos módulos e
otimizadores utilizados.
Quais são as características de um sistema
da categoria MLPE com otimizadores de potência?
São
quatro as principais características para justificar o uso de otimizadores de
potência:
1. Maior Segurança;
2. Maior Geração de Energia;
3. Menores Custos de Operação e Manutenção;
4. Design Flexível.
Segurança em primeiro lugar! Então, quais
são os diferenciais de segurança?
Já falamos em artigos
anteriores que funções de desligamento em inversores tradicionais apenas
interrompem o fluxo de corrente, enquanto a tensão permanece perigosamente
alta. Isto porque as chaves seccionadoras ou interruptores automáticos CC
localizados no gabinete do inversor tradicional não pode desconectar a alta
tensão dos módulos, adicionando custo sem reduzir os riscos. Portanto, os
módulos sobre o telhado, seus cabos e o cabeamento que é encaminhado até o
inversor permanece energizado e perigoso durante o dia.
O gráfico da Figura 3 apresenta
um desligamento automático de uma string
em um sistema com otimizadores de potência.
Figura 3 –
Desligamento automático de uma string
em um sistema fotovoltaico com otimizadores.
É possível observar que o
fluxo de corrente é interrompido quando a energia em CA ou o inversor é desligado.
Em seguida, a tensão da string é
reduzida à uma tensão segura em 180 segundos. Isso ocorre porque a tensão de
saída dos otimizadores de potência diminui até o valor de 1 Volt. Então, por
exemplo, em uma string com 26
módulos, ao desligar o inversor, ao invés de termos aproximadamente 1.000 Volts
no circuito CC, teremos apenas 13 Volts, que é uma tensão segura. Portanto,
temos o desligamento do sistema à nível de módulos.
Além disso, os otimizadores
da SolarEdge possuem proteção e interrupção de circuito de falta à terra (GFCI),
proteção e interrupção de arco elétrico e redução de energia de arco.
Figura 4 –
Instalação de otimizador de potência em trilho.
As questões de segurança em
sistemas fotovoltaicos têm sido tema recorrente no setor. Em novembro de 2016 a
Revista Fotovolt publicou um artigo falando sobre “desligamento seguro de
geradores FV do lado de corrente contínua” [10], considerando que a maioria das
instalações não dispõe de meios para desligamento de emergência de corrente
contínua diretamente nos módulos FV. Em maio e em setembro de 2017 o tema
novamente veio à tona na revista, onde foram abordados os temas de “sistema de
desligamento inteligente de módulos fotovoltaicos” [11] e “desligamento de
emergência de geradores FV” [12], respectivamente.
Desta forma, sistemas FV com
otimizadores se apresentam como soluções para todos os problemas abordados oferecem
uma maior segurança durante a instalação, manutenção, combate a incêndios e
outras emergências.
Maior Geração de Energia
Os sistemas fotovoltaicos podem
incluir, à nível de módulo, microinversores ou otimizadores, para aumentar a
granularidade do MPPT, o que melhora o desempenho sob condições de
incompatibilidade [13]. Então é esperado que sistemas FV da categoria MLPE resultem
em uma maior geração de energia em comparação com sistemas que utilizam
inversores tradicionais (centrais e de string).
Utilizando sistemas da categoria
MLPE, energia extra pode ser obtida em praticamente qualquer sistema
fotovoltaico. A quantidade de energia extra obtida depende de cenários
específicos, ou seja, depende de cada projeto. Este tema foi objeto de teste pela
respeitada Revista PHOTON em outubro de 2011 [14]. O artigo destaca o
desempenho convincente da SolarEdge nos testes conduzidos pelo laboratório
Photon. O sistema SolarEdge apresentou produção adicional de energia em todos
os cenários, inclusive quando nenhuma sombra foi projetada sobre o sistema.
Figura 5 –
A produção de energia adicional com os otimizadores de potência SolarEdge.
Os resultados de testes de
laboratório da PHOTON sobre produção de energia adicional dos otimizadores de
potência SolarEdge mostraram que “mesmo sob condições completamente controladas
durante um teste realizado nos laboratórios da PHOTON, a produção de energia
adicional com os otimizadores de potência SolarEdge variaram entre 1.5% a 34,6%”
(Figura 5).
Esses resultados ainda
precisariam levar em conta outras fontes de mismatch,
como variações de temperatura, alterações dinâmicas de irradiância e mismatch por degradação. A taxa de
degradação dos módulos continua a aumentar o mismatch e reduz o retorno de investimento de um sistema fotovoltaico
ano após ano.
Os otimizadores DC adicionam
alguns recursos de otimização e monitoramento de desempenho oferecidos por
microinversores, mas eles não convertem CC para AC no módulo [15].
Menores Custos de Operação e Manutenção
Os inversores de strings podem dizer o que está
acontecendo apenas com cada string no
arranjo, enquanto os microinversores e otimizadores informam sobre a condição
de cada módulo. Se um módulo apresentar um desempenho significativamente
insatisfatório, sem nenhum motivo aparente, você saberá que algo está errado
com ele. A mesma coisa com um microinversor ou otimizador que ficou off-line [15].
Em sistemas com inversores
de string, para garantir uma produção
contínua e “otimizada” de energia solar, inspeções termográficas devem ser
realizadas em intervalos regulares para avaliar as necessidades de manutenções
preventivas.
Termografia em sistemas fotovoltaicos é o uso de uma câmera de radiação infravermelha para inspeção e busca de falhas que possam causar: danos às células, perda de eficiência e/ou riscos de incêndio.
Figura 6 –
Sistemas FV tradicionais: detecção de strings
desligadas e com polaridade invertida através de inspeção termográfica.
Uma inspeção termográfica requer equipamentos como drone, câmera térmica de infravermelho e também um profissional certificado em termografia com experiência em análise termográfica de sistemas fotovoltaicos.
Figura 7 –
Sistemas com otimizadores: monitoramento à nível de módulos.
Nos sistemas FV com
otimizadores, módulos com baixo desempenho podem ser facilmente identificados e
monitorados, conforme Figura 7. É possível fazer análises das curvas de saída
dos módulos, que podem revelar padrões e/ou influências climáticas. Também é
possível selecionar módulos e rever detalhadamente as medições feitas em tempo
real e os dados medidos podem ser exportados para o Excel para análise
posterior.
Uma visibilidade total do
desempenho do sistema e resolução de problemas remotamente resultam em custos
de operação e manutenção mais baixos.
Como parte de um projeto de
um sistema fotovoltaico, é importante contabilizar os custos futuros que podem
afetar o retorno sobre o investimento do sistema FV de um proprietário. A
solução de inversor simplificado com otimizadores que a SolarEdge propôs
minimiza efetivamente esses custos potenciais.
Em casos de substituição, por exemplo, é possível
instalar módulos fotovoltaicos de diferentes potências e marcas na mesma string. Então qualquer módulo disponível
no mercado se encaixaria na instalação.
Por fim, os otimizadores e
os inversores da SolarEdge são construídos para desempenho de longo prazo, com uma
das maiores garantias de mercado: 25 anos para otimizadores de potência, 12
anos para inversores e monitoramento gratuito. Também estão disponíveis, pelo
fabricante, garantias estendidas acessíveis de até 25 anos. Mesmo em casos de substituição
de inversor fora da garantia, por se tratar de um inversor simplificado, o
custo destes inversores é aproximadamente 40% menor que os inversores
tradicionais de string.
Flexibilidade nos Projetos
O uso de otimizadores de
potência permite o uso mais eficiente do espaço disponível no telhado através
da flexibilidade do projeto do sistema fotovoltaico. Por exemplo, é possível instalar
um sistema fotovoltaico com strings
de tamanhos diferentes. Também é possível executar strings mais longas que em sistemas tradicionais. Com strings mais longas, os custos com
insumos e cabeamento são reduzidos.
O tamanho e o layout de um arranjo fotovoltaico não são mais definidos por restrições elétricas. Os módulos sombreados não reduzem todo o desempenho de uma string. Podem ser mesclados módulos com potência STC e tipos diferentes. Também podem ser instalados módulos em várias orientações ou inclinações, na mesma string. As restrições de projeto impostas pelos sistemas tradicionais já não existem, como pode ser comprovado pela instalação da Figura 8, a qual foi executada com um inversor e otimizadores de potência da SolarEdge. Esta instalação seria inexequível com um inversor tradicional de string.
Figura 8 –
Instalação de sistema fotovoltaico com sistema SolarEdge. Créditos: Insol Energia.
Em geral, a tendência agora
está se movendo de grandes inversores centrais para inversores menores, já que
estes são modulares, são mais tolerantes à uma única falha e agora coincidem
com inversores centrais em termos de rendimento geral do sistema [16].
Conclusão
Desta forma, conclui-se que,
com a utilização de otimizadores é possível:
· Gerar
mais energia por módulo, pois a baixa performance de um módulo não impacta nos
demais módulos;
· Ter maior
flexibilidade no projeto fotovoltaico;
· Instalar
strings com tamanhos maiores,
consequentemente, menos strings serão
necessárias, reduzindo custos com cabeamento e demais insumos;
· Executar
instalações com múltiplas orientações e em diferentes faces do telhado;
· Instalar
strings com tamanhos diferentes entre
si sem ter que se preocupar com correntes reversas;
· Analisar
o desempenho de cada módulo individualmente;
· Detectar
problemas remotamente como a detecção de um diodo de Bypass com defeito;
· Redução
dos custos com operação e manutenção;
· Rápido
desligamento de corrente continua e redução da tensão nas strings para extra
baixa tensão;
· Proteção
integrada contra falhas como arco elétrico e falta à terra;
Bibliografia
[1] GTM Research, “The
Microinverter and DC Optimizer Landscape 2014: The Evolution from Market Niche
to Market Success”, Disponível em:
[2] GTM Research, “Smart and AC
PV Modules 2015 – 2020”,
https://www.greentechmedia.com/research/report/smart-and-ac-pv-modules-2015-2020#gs._accbuo,
nov 2015.
[3] M. Kasper, D. Bortis, J. W.
Kolar, "Classification and Comparative Evaluation of PV Panel-Integrated
DC-DC Converter Concepts", IEEE Trans. Power Electron., vol. 29, no.
5, pp. 2511-2526, May 2014.
[4] Q. Li, P. Wolfs, "A
Review of the Single Phase Photovoltaic Module Integrated Converter Topologies
With Three Different DC Link Configurations", IEEE Trans. Power
Electron., vol. 23, no. 3, pp. 1320-1333, May 2008.
[5] S. M. MacAlpine, R. W. Erickson, M. J. Brandemuehl, "Characterization of Power Optimizer Potential to Increase Energy Capture in Photovoltaic Systems Operating Under Nonuniform Conditions", IEEE Trans. Power Electron.,
vol. 28, no. 6,
pp. 2936-2945, June 2013.
[6] O. Khan, W. Xiao,
"Review and qualitative analysis of submodule-level distributed power
electronic solutions in PV power systems", Renewable and Sustainable
Energy Reviews, vol. 76, pp. 516-528, Sept. 2017.
[7] J. Galtieri, P. T. Krein,
"Energy improvements from subpanel DC-DC converters in PV arrays with
distributed mismatch", 2016 IEEE 43rd Photovoltaic Specialists
Conference (PVSC), pp. 3213-3218, 2016.
[8] Weidong Xiao, “Photovoltaic
Power System: Modeling, Design, and Control”, Wiley, 2017.
[9] SolarEdge, “Corporate Fact Sheet”, Disponível
em:
[10] Revista Fotovolt, “Desligamento Seguro de Geradores
FV do lado de Corrente Contínua”, Novembro 2016 – Ano 2 – nº 7.
[11] Revista Fotovolt, “Sistema de Desligamento
Inteligente de Módulos Fotovoltaicos”, Março 2017 – Ano 3 – nº 9.
[12] Revista Fotovolt, “Desligamento de Emergência de Geradores Fotovoltaicos”, Setembro 2017 – Ano 3 – nº 12.
Por: João Paulo de Souza
Responsável técnico da Ecori Energia Solar, especialista em sistemas fotovoltaicos com tecnologia MLPE. Possui mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA, graduação em Engenharia Elétrica Industrial e curso técnico-profissionalizante em Eletrotécnica Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA. Membro do Comitê Técnico Brasileiro de Sistemas de Conversão Fotovoltaicas de Energia Solar ABNT/CB-003. Engenheiro de sistemas aeroespaciais na Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Foi pesquisador colaborador no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Trabalhou na montagem do Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação (LINCS) no IAE.
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