Temperaturas
excessivamente elevadas são um problema para todo e qualquer tipo de sistema
fotovoltaico. Os módulos de silício apresentam maiores perdas à medida que a
temperatura aumenta e os inversores passam a reduzir a sua potencia a partir de
uma determinada temperatura. Além disso, os componentes eletrônicos podem
sofrer algum dano ou estresse quando a temperatura aumenta acima do limite
aceitável em projeto. Por esse motivo, normalmente os equipamentos são
desligados automaticamente ao atingirem uma determinada temperatura. Então, para
um bom projeto é primordial garantir que todos os componentes de um sistema
fotovoltaico atendam aos requisitos de temperatura exigidos pelos componentes.
Não somente o projeto eletrônico dos equipamentos, mas todo o projeto do
sistema fotovoltaico, incluindo a execução da instalação.
Em virtude
dos microinversores estarem localizados sobre o telhado, embaixo dos módulos
fotovoltaicos, algumas pessoas podem pensar que isto poderia afetar seu
desempenho ou sua durabilidade. É interessante observar que esta afirmação é
bastante propagada de maneira informal no mercado fotovoltaico, embora existam
outros componentes com aplicação semelhante, que felizmente não sofrem desse
preconceito. É o exemplo dos otimizadores de potência, dispositivos de
desligamento rápido (rapid shut-down devices), dentre outros. Então o
que é verdade e o que é mito nisso tudo? Qual seria uma temperatura excessivamente
elevada para um microinversor?
Este artigo é o segundo de uma série na qual iremos separar alguns mitos sobre eletrônica de potência à nível de módulo (do inglês: Module-Level Power Electronics - MLPE) para desvenda-los de uma vez por todas e quem sabe até identificar a origem deles.
Antes de
começar a falar sobre temperatura é necessário que fique bem claro que nem
todo microinversor é igual. Os microinversores podem se diferenciar
primeiramente na sua topologia construtiva. Em geral, o microinversor pode ser
dividido em duas categorias: configuração de microinversor fotovoltaico de um e
dois estágios [1] - não se limitando à apenas essas duas topologias. Ainda
assim, dentro de uma mesma topologia o circuito eletrônico pode ser diferente. Em
segundo lugar, os componentes que fazem parte do circuito eletrônico podem ser
completamente diferentes, mesmo dentro de uma mesma topologia. Por exemplo, as
chaves de estado sólido podem ser SCR’s (Silicon-Controlled Rectifier),
MOSFET’s (Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor), dentre
outros. Resumindo, os projetos eletrônicos podem ser completamente diferentes.
Além disso,
devem ser considerados os fornecedores dos componentes eletrônicos, com seus
respectivos indicadores de qualidade. O design do produto, o material
encapsulante, o processo produtivo e o controle de qualidade também fazem a
diferença.
Em um artigo anterior falamos sobre o potting, que é um processo de preenchimento de uma montagem eletrônica com um composto sólido ou gelatinoso de coloração variada. O potting é aplicado em placas de circuitos que requerem dissipação de calor e resistência a altas temperaturas, isolamento, impermeabilização e colagem de componentes eletrônicos em geral. Podem existir microinversores no mercado que não possuem a aplicação de potting ou que o possuem em quantidade insuficiente, pois a aplicação desse composto entra nos custos de fabricação do equipamento. A Figura 1 apresenta um microinversor APsystems aberto com o potting exposto.
Figura 1 - Microinversor APsystems modelo YC-1000 aberto para exposição do potting.
Note que o
potting é um dos responsáveis por conferir ao equipamento algumas
propriedades térmicas importantes e necessárias. Consequentemente, sequer existe
a necessidade de se ter uma ventilação forçada, tornando-os ideais para
aplicações onde ocorrem, por exemplo: névoa salina (maresia), áreas
classificadas (atmosfera explosiva) e ambientes com concentração de amônia
(granjas). Verifique também que o encapsulamento do microinversor APsystems tem
grau de proteção IP67.
A aplicação
de potting não é exclusividade dos microinversores APsystems. A
SolarEdge também aplica esse processo de preenchimento com potting nos
seus otimizadores de potência, os quais também são instalados embaixo dos
módulos.
Não estamos apresentando uma tecnologia de última geração. Esta tecnologia é bastante utilizada na indústria aeroespacial, automotiva, de computadores, iluminação LED, controle de motores, militar, dentre outros. É bem sabido que a transferência de calor é maximizada quando por exemplo, um encapsulante térmico, adesivos térmicos ou uma graxa termicamente condutora são utilizados para remover o ar, que é um péssimo condutor de calor.
Figura 2 – Exemplo de aplicação de potting em placa de circuito impresso. Divulgação: Sonderhoff Automated Sealing Solutions.
Na
indústria fotovoltaica, um estudo que fez uma modelagem elétrica e térmica de
caixas de junção de módulos fotovoltaicos descobriu que as temperaturas do
diodo de bypass podem ser reduzidas em 13 graus Kelvin apenas usando potting [2]. Isso condiz com resultados práticos obtidos na
indústria de iluminação LED, que obtém entre 15 a 16 graus de redução.
Tanto no
projeto dos microinversores APsystems quanto nos otimizadores SolarEdge, os
engenheiros de produto aplicam vários anos de teoria e prática aprendidas com
dezenas de milhões de microinversores e otimizadores, respectivamente. Estes
equipamentos são montados com componentes rigorosamente selecionados, testados
e que passaram em todos os testes de confiabilidade e qualidade. Vale lembrar
também que esses produtos são utilizados com sucesso, em telhados da Austrália
e do Sudoeste dos Estados Unidos (por exemplo, o Arizona), dois dos lugares
mais quentes do mundo no verão. Sim, o Brasil não é o lugar mais quente do
planeta. Na Austrália, por exemplo, a temperatura ambiente pode atingir os 47
ºC e a temperatura mais alta já registrada no Arizona foi de 53 °C, em 29 de
junho de 1994.
Figura 3 – Quantidade de sistemas APsystems monitorados ao redor do mundo até julho de 2020.
Portanto,
no Brasil não existe local onde não seja possível aplicar os microinversores
APsystems, seja em qualquer tipo de telhado que você possa imaginar.
A Ecori
Energia Solar foi a responsável por trazer os microinversores APsystems e também
os otimizadores SolarEdge para o Brasil, tendo acompanhado o estabelecimento e
a consolidação dessas marcas em território nacional desde o princípio. Inclusive
o suporte técnico da APsystems no Brasil é realizado pela Ecori. Por este
motivo é possível falar com propriedade sobre a experiência desses produtos
desde sua chegada no mercado brasileiro até os dias atuais. Não podemos
responder sobre a experiencia de outras marcas, não porque não tenhamos algum
conhecimento, mas fundamentalmente por questões de ética. Desta forma, vamos
focar apenas nestes equipamentos.
Os
microinversores APsystems apresentam uma vantagem desde a concepção de seu
projeto que é se manter mais frio. O calor gerado no interior do equipamento é
menor do que nos inversores tradicionais, porque cada equipamento converte uma
quantidade pequena de energia, de um a até quatro módulos fotovoltaicos por
microinversor.
Os microinversores APsystems também têm ao seu favor o projeto de seus gabinetes, que funcionam como um dissipador de calor para impedir que os componentes elétricos fiquem muito quentes. Essa funcionalidade mantêm os microinversores abaixo da temperatura máxima de operação interna. Não é necessário instalar coolers para promover uma ventilação forçada.
Testes de
certificação realizados pela CSA Group (Canadian Standards Association) para
os microinversores modelo YC600, QS1 e YC1000 mostraram que a temperatura interna
dos microinversores APsystems nunca subiu mais que 26° acima da temperatura
ambiente [3].
Momento Cultural: O CSA Group é uma organização que testa,
inspeciona, certifica produtos e desenvolve normas em 57 áreas. A CSA publica normas
em formato impresso e eletrônico e fornece serviços de treinamento e
consultoria. A CSA é composta por representantes da indústria, governo e grupos
de consumidores.
Ao observar
a folhas de dados dos microinversores APsystems você notará as faixas de
temperatura ambiente e interna de operação. O microinversor APsystems é capaz
de operar em uma temperatura ambiente de até 65 ºC ou com uma temperatura interna
de até 85 ºC, conforme Figura 4.
Figura 4 – Faixas de temperatura ambiente e interna de operação. Fonte: Folha de dados do microinversor APsystems QS1.
Para um
inversor de string provavelmente essas temperaturas sejam um problema, mas não
para um produto que foi concebido para para operar justamente com temperaturas
mais elevadas. Isso ajuda a responder uma outra pergunta: Tecnologia não
combina com alta temperatura?
A estação
espacial internacional (do inglês: International Space Station – ISS)
está localizada na termosfera, que é uma das camadas da atmosfera terrestre. A
temperatura na camada superior da termosfera pode variar de 500 ºC até 2.000 ºC.
Os
materiais dos quais a estação espacial é feita, como o alumínio, não passam nem
dos 700 °C. Quando a estação espacial entra na sombra do planeta Terra a
situação se inverte e as temperaturas podem chegar a gélidos –160 °C. Como se
resolve esse problema? A resposta é: com tecnologia.
Obviamente
não é preciso utilizar toda a tecnologia da estação espacial em um
microinversor (apenas algumas e isso é assunto para outro artigo), mas citamos
aqui esse exemplo justamente para mostrar que, se um equipamento foi projetado
para uma aplicação específica, não há motivos para desqualificar sua aplicação.
Para que
todos os equipamentos de um sistema fotovoltaico possam atender aos requisitos
de temperatura exigido pelos componentes, é necessário também que os requisitos
de espaçamento destes equipamentos sejam atendidos.
A grande
maioria dos fabricantes de módulos fotovoltaicos de silício cristalino com backsheet
apresentam o requisito de que é necessária uma folga de pelo menos 10
cm entre o módulo e a superfície de montagem. A Figura 5, a seguir,
apresenta o trecho em questão contido no manual de instalação da Canadian Solar,
tanto a versão em inglês quanto sua versão em português estabelece o mesmo
requisito [4, 5]. Na dúvida, consulte o manual de instalação do fabricante do
módulo que você está instalando.
Figura 5 – Requisitos de espaçamento dos módulos para a superfície de montagem. Fonte: Manuais de instalação da Canadian Solar.
Os
inversores também possuem requisitos de espaçamento. Os microinversores
APsystems requerem um espaçamento mínimo de 1,5 cm entre o teto e a parte
inferior do microinversor para permitir um fluxo de ar adequado [6].
Figura 6 – Requisitos de espaçamento dos microinversores APsystems para o teto. Fonte: Manual de instalação da APsystems.
Os inversores da SolarEdge requerem um espaçamento mínimo de 40 cm entre dois inversores separados verticalmente (20 cm se o inversor superior possuir uma caixa de conexão CC integrada), 20 cm entre o inversor e o teto, solo, ou entre outro outro inversor separados horizontalmente e, por fim, 10 cm entre o inversor e um obstáculo lateral que não gere calor (uma parede por exemplo). Estas distâncias são para instalações abrigadas e para locais onde a temperatura média anual é maior que 25 ºC. Para outras situações consulte o manual do fabricante.
Figura 7 – Requisitos de espaçamento dos inversores SolarEdge. Fonte: Manual de instalação da SolarEdge.
Já os
otimizadores P730 e P850 da SolarEdge (modelos disponíveis no Brasil até o
momento) requerem um espaçamento mínimo de 2,5 cm em todas as direções para
permitir um fluxo de ar adequado [7].
Figura 8 – Requisitos de espaçamento dos otimizadores SolarEdge P730 e P850. Fonte: Manual de instalação da SolarEdge.
Distanciamentos
são necessários para todo e qualquer equipamento fotovoltaico, inclusive
transformadores, para permitir um fluxo de ar adequado entre os equipamentos,
considerando que os mesmos são fontes de calor (um equipamento pode propagar
calor para o outro) e para garantir que todos os componentes internos dos
equipamentos atendam aos requisitos de temperatura exigidos.
Desde 2014
houve apenas 2 casos em que o microinversor APsystems desligou automaticamente
por temperatura, ambos por instalação inadequada. No primeiro caso o instalador
não atendeu aos requisitos de instalação dos módulos e do microinversor e fez
um “sanduiche de microinversor” entre o telhado e o módulo, com ventilação
nula. Como já visto aqui, nem mesmo os módulos podem ficar “colados” no
telhado, estes possuem inclusive o requisito mais rigoroso de distanciamento
para o telhado. No segundo caso, por algum motivo, o instalador acreditava que
ao cobrir o inversor com uma manta térmica asfáltica aluminizada isolaria o
microinversor do calor gerado pelo módulo. O microinversor não conseguia trocar
calor com o ambiente e desligou automaticamente por temperatura. Ambos os casos
foram resolvidos após adequação da instalação conforme o manual de instalação e
desde então não tivemos notícias de casos de desligamento por temperatura.
No meio
acadêmico o tema não possui tanta relevância quanto possa parecer. Faz muito
sentido, se notarmos que o mito investigado é seletivo. Por que
convenientemente só os microinversores são alvos desse mito? O mais notável nisso
é que módulos CA, que são módulos que possuem um microinversor embarcado,
fazendo com que a saída do módulo seja em corrente alternada também nunca foram
alvo desse mito.
Ainda
assim, existem sim alguns estudos que abordam temas parecidos, como a
influencia da temperatura em módulos CA. Em 2014 o renomado Sandia National
Laboratories mostrou que o efeito da temperatura no desempenho do microinversor
é suficientemente pequeno para justificar sua omissão no modelo de
caracterização final dos módulos CA [8].
Um outro
estudo mostrou que os dispositivos MLPE conduzem a redução de potência (power
derating) a temperaturas muito mais altas do que o inversor de string
típico [9]. Isso é uma grande vantagem, visto que a redução da potencia por
temperatura em sistemas MLPE ocorre somente em temperaturas mais elevadas se
comparadas ao inversor de string. Em outras palavras, a redução de potência (power
derating) ocorre primeiro em um inversor de string do que em um
dispositivo MLPE quando submetidos à mesma temperatura ambiente. Para se ter
uma ideia, existem inversores de string que ativam a redução de potência
quando atingem 40 ºC e se desligam ao atingir 50 ºC; outros que ativam a redução
de potência quando atingem 30 ºC e se desligam ao atingir 60 ºC. Essa
informação varia de acordo com o equipamento e pode ser encontrada em
documentos fornecidos pelos fabricantes. Portanto, à medida que a temperatura
ambiente aumenta, é mais provável que os dispositivos MLPE gerem mais energia
por não serem afetados primeiro pela redução de potência.
Pelo fato
dos microinversores serem instalados sobre o telhado, embaixo dos módulos
fotovoltaicos, algumas pessoas afirmam que isto poderia afetar seu desempenho,
sua geração ou a sua durabilidade. Porém, não existe nada na literatura técnica
especializada que comprove ou induzam a tais afirmações. Pelo contrário, o
renomado Sandia National Laboratories mostrou que o efeito da temperatura no
desempenho do microinversor em um módulo CA é irrelevante.
Todo e
qualquer equipamento elétrico utilizado em sistemas fotovoltaicos requer uma
distancia mínima para ventilação e troca de calor com o ambiente. Em cima do
telhado, o requisito de distanciamento mais rigoroso é o dos módulos
fotovoltaicos de silício cristalino com backsheet, os quais normalmente
requerem 10 cm de distancia entre a moldura do módulo e a superfície de
montagem.
Uma
possível origem deste mito, embora seja mera especulação, talvez um eventual
fabricante de microinversores que tenha tido algum problema de fabricação ou
cometido alguma falha de projeto. Porém não temos notícias de algo do tipo no
mercado brasileiro.
[1] J. Yuan, F. Blaabjerg, Y. Yang, A.
Sangwongwanich, Y. Shen, “An overview of photovoltaic microinverters:
Topology, efficiency, and reliability”, IEEE 13th International
Conference on Compatibility, Power Electronics and Power Engineering
(CPE-POWERENG), IEEE, 2019.
[2] Max Mittag, Christoph Kutter, Stephan Hoffmann,
Pascal Romer, Andreas J. Beinert, Tobias Zech, “Electrical and Thermal
Modeling of Junction Boxes”, Fraunhofer Institute for Solar Energy
Systems ISE, 33nd European Photovoltaic Solar Energy Conference and Exhibition,
2017.
[3] Certificate, Canadian Standards Association
Group, “CSA C US Certification Test Declaration for Micro Utility
Interactive Inverter, Model No. YC600, QS1 and YC1000-3”, January 2020.
[4] Installation Manual of Standard Solar Modules, Canadian
Solar Inc. – April 2020. Disponível em: https://www.canadiansolar.com/wp-content/uploads/2020/08/Installation_Manual_of_Standard_Solar_Modules_en.pdf.
Acesso em: 18 ago. 2020.
[5] Manual de Instalação de Módulos Solares Padrão
(IEC), Canadian Solar Inc. – June 2016.
[6] APsystems, Instalação/Manual de Usuário.
Disponíveis em: https://www.ecorienergiasolar.com.br/site/downloads/. Acesso
em: 02 jul. 2020.
[7] SolarEdge, Installation Guide Three Phase
System with SetApp Configuration. Disponível em: https://www.solaredge.com/br/downloads#/.
Acesso em: 02 jul. 2020.
[8] D. Riley and A. Fresquez, "Determining
the Effect of Temperature on Microinverter Inversion Efficiency", 40th
IEEE Photovoltaic Specialist Conference, 2014.
[9] D. Stellbogen, P. Lechner, M. Senger, “Field and Laboratory Performance Characterisation of Microinverter and Power Optimizer Systems”, 32nd European Photovoltaic Solar Energy Conference and Exhibition, 2016.
Por: João Paulo de Souza
Responsável técnico da Ecori Energia Solar, especialista em sistemas fotovoltaicos com tecnologia MLPE. Possui certificação para responsável de empresa de projeto e instalação de módulos fotovoltaicos pelo Instituto Totum. Mestre em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA, graduação em Engenharia Elétrica Industrial e curso técnico-profissionalizante em Eletrotécnica Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA. Membro do Comitê Técnico Brasileiro de Sistemas de Conversão Fotovoltaicas de Energia Solar ABNT/CB-003. Foi engenheiro de sistemas aeroespaciais na Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Foi pesquisador colaborador no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Trabalhou na montagem do Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação (LINCS) no IAE.
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